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13 de agosto de 2013

On terça-feira, agosto 13, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
Apresentamos esta resenha da exortação porém continuaremos a postar o documento em suas partes.
On terça-feira, agosto 13, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
RESENHA DA EXORTAÇÃO

EXORTAÇÃO APOSTÓLICA FAMILIARIS CONSORTIO DE SUA SANTIDADE JOÃO PAULO II AO EPISCOPADO AO CLERO E AOS FIÉIS DE TODA A IGREJA CATÓLICA SOBRE A FUNÇÃO DA FAMÍLIA CRISTÃ NO MUNDO DE HOJE
MACEIÓ/2009


O A Exortação Apostólica Familiaris Consortio, escrito por João Paulo II em 22 de novembro de 1981, é um documento magisterial, cujo objetivo principal é a preservação da unidade da família cristã sobre sua principal e única estrutura, o matrimônio, perante os conturbados e libertinos pensamentos e comportamentos refletidos pelos tempos atuais; portanto, o Papa chama a toda a Igreja, bispos, clero e fiéis, e exorta-os à reflexão e prática deste documento magisterial em todos os ângulos do cotidiano: teológico, social, antropológico educacional e psicológico, para que assim, a identidade familiar cristã seja total e completa, em todas as gerações, segundo os caminhos designados por Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Na introdução de sua obra, ao falar da Igreja ao serviço da família, o Papa proclama sobre a importância da família para a Igreja, e sua preocupação centra-se no matrimônio e no papel evangelizador da família, mesmo perante as transformações ocorridas na sociedade do mundo atual. Com isto cita o Sínodo de 1980 e o Sínodo predecessor, os quais reafirmam a importância da responsabilidade da família ao anunciar o “Evangelho à pessoa humana em crescimento e a levá-la, através de uma catequese e educação progressiva, à plenitude da maturidade humana e cristã, pois, “enquanto comunidade educativa, a família deve ajudar o homem a discernir a própria vocação e a assumir o empenho necessário para uma maior justiça, formando-o desde o início, para relações interpessoais, ricas de justiça e de amor”. Pelo fato da Igreja estar profundamente convencida de que “só com o acolhimento do Evangelho encontra realização plena toda a esperança que o homem põe legitimamente no matrimônio e na família”, e que ambos complementam-se em Cristo, torna-se então fundamental a missão da família “de proclamar a todos o desígnio de Deus sobre o matrimônio e sobre a família, para lhes assegurar a plena vitalidade e promoção humana e cristã, contribuindo assim para a renovação da sociedade e do próprio Povo de Deus”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 1-2).
Na primeira parte, Luzes e Sombras da Família de Hoje, o Papa salienta que a Igreja esforça-se continuamente em tomar conhecimento do patamar que o matrimonio e a família está nos dias de hoje, por ser imprescindível para a evangelização e que o discernimento efetuado pela Igreja, seja por leigos ou por pastores, ”torna-se oferta para orientação que salvaguarde e realize a inteira verdade e a plena dignidade do matrimônio e da família”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 3).
Ele separa em dois aspectos o patamar atual onde está a família, positivos e negativos: nos aspectos positivos é o da “salvação de Cristo operante no mundo” e nos aspectos negativos “da recusa que o homem faz ao amor de Deus”. Ele ressalta também que no último aspecto, o negativo, está a “liberdade concebida não como capacidade de realizar a verdade do projeto de Deus sobre o matrimônio e a família, mas como força autônoma de afirmação, não raramente contra os outros, para o próprio bem-estar egoístico”.  “(JOÃO PAULO II, 1981, p. 4).
Onde determina que somente pela “educação para o amor, radicada na fé, pode levar a adquirir a capacidade de interpretar «os sinais dos tempos», que são a expressão histórica deste duplo amor”. Por isso é necessário o empenho da evangelização sobre a nova cultura estatizada, mostrando os verdadeiros valores e que “sejam defendidos os direitos do homem e da mulher e seja promovida a justiça também nas estruturas da sociedade”, mesmo em presença do novo humanismo, pois na construção deste, a ciência e a tecnologia favorecem novas e imensas possibilidades. “Todavia, a ciência, em conseqüência de posições políticas que decidem a direção de investigações e aplicações, é muitas vezes usada contra o seu significado originário, a promoção da pessoa humana”. É onde, a Igreja pede à família cristã “uma conversão contínua, permanente, que, embora exigindo o afastamento interior de todo o mal e a adesão ao bem na sua plenitude, se atua concretamente em passos que conduzem sempre para além dela”.  (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 5-6).
Na segunda parte, O Desígnio de Deus sobre o Matrimônio e sobre a Família, o Papa aponta que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança: “chamando-o à existência por amor, chamou-o ao mesmo tempo ao amor”, que “O amor abraça também o corpo humano e o corpo torna-se participante do amor espiritual” e que a “Revelação cristã conhece dois modos específicos de realizar a vocação da pessoa humana na sua totalidade ao amor: o Matrimônio e a Virgindade. Quer um quer outro, na sua respectiva forma própria, são uma concretização da verdade mais profunda do homem, do seu «ser à imagem de Deus”, e por isso a sexualidade é mais do que um impulso biológico, “ela é parte integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o outro até à morte”. Fica claro, portanto, que a fidelidade a ambos, à virgindade e ao matrimonio, “Longe de mortificar a liberdade da pessoa, esta fidelidade põe-na em segurança em relação ao subjetivismo e relativismo, faz participante da Sabedoria Criadora”.  (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 7-8).
“Os esposos cristãos têm, portanto o direito de esperar das pessoas virgens o bom exemplo e o testemunho da fidelidade à sua vocação até à morte. Como para os esposos a fidelidade se torna às vezes difícil e exige sacrifício, mortificação e renúncia, também o mesmo pode acontecer às pessoas virgens. A fidelidade destas, mesmo na provação eventual, deve edificar a fidelidade daqueles”.  (JOÃO PAULO II, 1981, p. 11).
Citando Tertuliano, o Papa relata que pelo matrimônio, marido e mulher: “São irmãos e servem conjuntamente sem divisão quanto ao espírito, quanto à carne. Mais, são verdadeiramente dois numa só carne e donde a carne é única, único é o espírito”, e que um dos sete sacramentos da Nova Aliança é o matrimônio dos batizados: “mediante o batismo, o homem e a mulher estão definitivamente inseridos na Nova e Eterna Aliança, na Aliança nupcial de Cristo com a Igreja. E é em razão desta indestrutível inserção que a íntima comunidade de vida e de amor conjugal, fundada pelo Criador (31), é elevada e assumida pela caridade nupcial de Cristo, sustentada e enriquecida pela sua força redentora”.  (JOÃO PAULO II, 1981, p. 9).
O Papa sustenta a procriação do matrimônio, como “reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade conjugal e síntese viva e indissociável do ser pai e mãe” e que ao se tornarem pais recebem de Deus a responsabilidade de serem para os filhos “o sinal visível do próprio amor de Deus, «do qual deriva toda a paternidade no céu e na terra”. Porém, ressalta, quando não há possibilidade de haver procriação, há a chance de os cônjuges prestarem serviços “importantes à vida da pessoa humana, como por exemplo, a adoção, as várias formas de obras educativas, a ajuda a outras famílias, às crianças pobres ou deficientes”. “O matrimônio e a família dos cristãos edificam a Igreja: na família, de fato, a pessoa humana não só é gerada e progressivamente introduzida, mediante a educação, na comunidade humana, mas mediante a regeneração do batismo e a educação na fé, é introduzida também na família de Deus, que é a Igreja”. JOÃO PAULO II, 1981, p.10).
A terceira parte, Os Deveres da Família Cristã, O Papa reafirma a missão da família a qual deve ser cada vez mais aquilo que é uma: “comunidade de vida e de amor, numa tensão que, como para cada realidade criada e redimida, encontrará a plenitude no Reino de Deus. E numa perspectiva que atinge as próprias raízes da realidade, deve dizer-se que a essência e os deveres da família são, em última análise, definidos pelo amor. Por isto é-lhe confiada a missão de guardar, revelar e comunicar o amor, qual reflexo vivo e participação real do amor de Deus pela humanidade e do amor de Cristo pela Igreja, sua esposa”. O Sínodo dividiu em 4 os deveres da família. O dever número I, A Formação de uma Comunidade de Pessoas, reza que a primeira tarefa da família é “a de viver fielmente a realidade da comunhão num constante empenho por fazer crescer uma autêntica comunidade de pessoas”. Ressalta a importância do matrimônio, da educação dos filhos, da construção da unidade familiar, da comunhão entre todos os parentes.  (JOÃO PAULO II, 1981, p.12).
O Papa invoca a todos os cônjuges cristãos a compartilhar o pleno amor de Jesus Cristo, na indissolubilidade do casamento, pois o que Deus uniu homem algum há de separar.
Papa também condena a poligamia, a qual contradiz tal comunhão e reafirma a importância do sacramento.
“O dom do sacramento é, ao mesmo tempo, vocação e dever dos esposos cristãos, para que permaneçam fiéis um ao outro para sempre, para além de todas as provas e dificuldades, em generosa obediência à santa vontade do Senhor: «O que Deus uniu, não o separe o homem”. (JOÃO PAULO II, 1981, p.14).
E ao falar da comunhão da comunidade em geral o Papa ressalta que: “Todos os membros da família, cada um segundo o dom que lhe é peculiar, possuem a graça e a responsabilidade de construir, dia após dia, a comunhão de pessoas, fazendo da família uma escola de humanismo mais completo e mais rico, é o que vemos surgir com o cuidado e o amor para com os mais pequenos, os doentes e os anciãos; com o serviço recíproco de todos os dias; com a co-participação nos bens, nas alegrias e nos sofrimentos”. (JOÃO PAULO II, 1981, p.15).
O Papa afirma a importância do papel da mulher, o qual encontra forte respaldo: ”Portanto a Igreja pode e deve ajudar a sociedade atual pedindo insistentemente que seja reconhecido por todos e honrado no seu insubstituível valor o trabalho da mulher em casa. Isto é de importância particular na obra educativa: de fato, elimina-se a própria raiz da possível discriminação entre os diversos trabalhos e profissões, logo que se veja claramente como todos, em cada campo, se empenham com idêntico direito e com idêntica responsabilidade. Deste modo aparecerá mais esplendente a imagem de Deus no homem e na mulher”. (JOÃO PAULO II, 1981, p.15).
Quanto às crianças, apenas um parágrafo é suficiente para designar o pensamento correto e abençoado: “revelar e repetir na história o exemplo e o mandamento de Cristo, que quis pôr a criança em destaque no Reino de Deus: Deixai vir a Mim os pequeninos e não os impeçais, pois deles é o reino de Deus”. (JOÃO PAULO II, 1981, p.18).
E quanto aos anciãos o Papa incentiva uma ação pastoral da Igreja para estimular a: “todos a descobrir e a valorizar as tarefas dos anciãos na comunidade civil e eclesial, e, em particular, na família. Na realidade, «a vida dos anciãos ajuda-nos a esclarecer a escala dos valores humanos; mostra a continuidade das gerações e demonstra maravilhosamente a interdependência do povo de Deus”. (JOÃO PAULO II, 1981, p.19).
O dever número II, O Serviço à Vida, o Papa releva: “Assim a tarefa fundamental da família é o serviço à vida. É realizar, através da história, a bênção originária do Criador, transmitindo a imagem divina pela geração de homem a homem”, e ressalta que a fecundidade do amor conjugal não é restrita apenas à procriação dos filhos, mas também a “todos aqueles frutos da vida moral, espiritual e sobrenatural que o pai e a mãe são chamados a doar aos filhos e, através dos filhos, à Igreja e ao mundo”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 20).
A Igreja reafirma, sempre, seu posto em defesa da vida em qualquer condição ou estágio de desenvolvimento e condena qualquer tipo de contracepção.
“Conseqüentemente qualquer violência exercitada por tais autoridades em favor da contracepção e até da esterilização e do aborto procurado, é absolutamente de condenar e de rejeitar com firmeza. Do mesmo modo é de reprovar como gravemente injusto o fato de nas relações internacionais, a ajuda econômica concedida para a promoção dos povos ser condicionada a programas de contracepção, esterilização e aborto procurado”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 21).
“Quando os cônjuges, mediante o recurso à contracepção, separam estes dois significados que Deus Criador inscreveu no ser do homem e da mulher e no dinamismo da sua comunhão sexual, comportam-se como «árbitros» do plano divino e «manipulam» e aviltam a sexualidade humana, e com ela a própria pessoa e a do cônjuge, alterando desse modo o valor da doação total”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 23).
A importância da moral é o exemplo para a vida: “o Concílio Vaticano II afirmou claramente que quando se trata de conciliar o amor conjugal com a transmissão responsável da vida, a moralidade do comportamento não depende apenas da sinceridade da intenção e da apreciação dos motivos; deve também determinar-se por critérios objetivos, tomados da natureza da pessoa e dos seus atos; critérios que respeitam, num contexto de autêntico amor, o sentido da mútua doação e da procriação humana. Tudo isto só é possível se cultivar sinceramente a virtude da castidade conjugal”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 21).
O Papa reafirma o papel da Igreja como Mestra e Mãe, no auxílio a todos os casais. Observando que “a autêntica pedagogia eclesial revela o seu realismo e a sua sabedoria só desenvolvendo um empenhamento tenaz e corajoso no criar e sustentar todas aquelas condições humanas – psicológicas, morais e espirituais - que são indispensáveis para compreender e viver o valor e a norma moral”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 24).
Quanto à educação dos filhos o Papa salienta que a primeira escola social para a criança é a família, que a deve educar com amor, inclusive de forma correta e com moral, sobre a sexualidade e a castidade.
Também alerta a importância do amor e sua transmissão em uma sociedade fragmentada “por tensões e conflitos em razão do violento choque entre os diversos individualismos e egoísmos, os filhos devem enriquecer-se não só do sentido da verdadeira justiça que, por si só conduz ao respeito pela dignidade pessoal de cada um, mas também e, ainda mais, do sentido do verdadeiro amor, como solicitude sincera e serviço desinteressado para com os outros, em particular os mais pobres e necessitados”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 27).
O dever número III, A Participação no Desenvolvimento da Sociedade, reza que a experiência de comunhão e de participação cotidiana da família é sua primeira contribuição à sociedade.
“A promoção de uma autêntica e madura comunhão de pessoas na família torna-se a primeira e insubstituível escola de sociabilidade, exemplo e estímulo para as mais amplas relações comunitárias na mira do respeito, da justiça, do diálogo, do amor”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 31).
A família tem um potencial transformador da sociedade baseada em seus valores: “O dever social das famílias é chamado ainda a exprimir-se sob forma de intervenção política: as famílias devem com prioridade diligenciar para que as leis e as instituições do Estado não só não ofendam, mas sustentem e defendam positivamente os seus direitos e deveres” e por sua vez o Estado “subtrair às famílias tarefas que elas podem igualmente desenvolver perfeitamente sós ou livremente associadas, mas favorecer positivamente e solicitar o mais possível a iniciativa responsável das famílias”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 32).
O Papa cita os direitos da família através das palavras dos Padres Sinodais: “o direito de existir e progredir como família, isto é o direito de cada homem, mesmo o pobre, a fundar uma família e a ter os meios adequados para sustentá-la”, e incluem como tópicos entre outros: o direito à intimidade, estabilidade, educação e de emigrar. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 33).
E para uma nova ordem internacional diz: “A comunhão espiritual das famílias cristãs, radicadas na fé e esperança comuns e vivificadas pela caridade, constitui uma energia interior que dá origem, difunde e desenvolve justiça, reconciliação, fraternidade e paz entre os homens.” (JOÃO PAULO II, 1981, p. 34).
O dever número IV, A Participação na Vida e na Missão da Igreja, estabelece como primordial o dever eclesial da família, onde esta deve se inserir no mistério da Igreja: “colocar-se ao serviço da edificação do Reino de Deus na história, mediante a participação na vida e na missão da Igreja”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 35).
E o papa afirma a Eucaristia como a fonte do matrimônio, pois: “O sacrifício eucarístico, de fato, representa a aliança de amor de Cristo com a Igreja, enquanto sigilada com o sangue da sua Cruz. Neste sacrifício da Nova e Eterna Aliança é que os cônjuges cristãos encontram a raiz da qual brota, é interiormente plasmada e continuamente vivificada a sua aliança conjugal”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 40).
Cita a importância da conversão: “(...) o acolhimento do apelo evangélico de conversão dirigido a todos os cristãos, que nem sempre permanecem fiéis à novidade daquele batismo que os constituiu santos” e da oração familiar: “A comunhão na oração é, ao mesmo tempo, fruto e exigência daquela comunhão que é dada pelos sacramentos do batismo e do matrimônio”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 40-41).
A quarta e última parte, Pastoral Familiar, foi também subdividida em quatro artigos.
No artigo I, Etapas, Estruturas, Responsáveis e Situações, o Papa alerta: “Sublinha-se, portanto, uma vez mais a urgência da intervenção pastoral da Igreja em prol da família. É preciso empregar todas as forças para que a pastoral da família se afirme e desenvolva, dedicando-se a um sector verdadeiramente prioritário, com a certeza de que a evangelização, no futuro, depende em grande parte da Igreja doméstica”. O Papa descreve as etapas de preparação do jovem ao casamento, que inicia desde a infância com a preparação remota, passando então á preparação próxima ao matrimônio e por fim a preparação para o apostolado familiar. “(...) as mudanças verificadas no seio de quase todas as sociedades modernas exigem que não só a família, mas também a sociedade e a Igreja se empenhem no esforço de preparar adequadamente os jovens para as responsabilidades do seu futuro (JOÃO PAULO II, 1981, p. 45).
No artigo II, Estruturas da Pastoral Familiar, o Papa aponta sobre na estrutura da pastoral a familiar, a necessidade de que: “Os sacerdotes, os religiosos e as religiosas, desde o tempo de formação, sejam orientados e formados de maneira progressiva e adequada para os respectivos deveres. Entre outras iniciativas alegro-me de poder sublinhar a recente criação em Roma, na Pontifícia Universidade Lateranense, de um Instituto Superior consagrado ao estudo dos problemas da família. Já em algumas dioceses foram fundados Institutos deste gênero: Os bispos empenhem-se para que o maior número possível de sacerdotes, antes de assumirem responsabilidades paroquiais, freqüente cursos especializados. Noutras partes realizam-se periodicamente cursos de formação em Institutos Superiores de estudos Teológicos e Pastorais”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 50).
No artigo III, Os Responsáveis da Pastoral Familiar, o Papa discrimina: “Os bispos são auxiliados de modo particular pelos presbíteros, cuja missão (...) integra essencialmente o ministério da Igreja para com o matrimônio e a família. O mesmo se diga dos diáconos, aos quais eventualmente venha a ser confiado este sector da pastoral”. “Pastores e leigos participam, na Igreja, da missão profética de Cristo: os leigos, testemunhando a fé com palavras e com a vida cristã; os pastores, discernindo em tal testemunho o que é expressão da fé genuína (...)”; “O contributo que os religiosos e as religiosas, e as almas consagradas em geral, podem dar ao apostolado da família encontra a primeira, fundamental e original expressão exatamente na consagração a Deus”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 52-53).
O Papa também ressalta que podem ajudar as famílias, médicos, juristas, psicólogos, assistentes sociais, consulentes, etc., assim como os usuários e operadores da comunicação social, onde os pais devem influir na escolha e na preparação dos programas, e manter contato com os responsáveis da produção para valores humanos fundamentais “que fazem parte do verdadeiro bem comum da sociedade, mas, pelo contrário, sejam difundidos programas aptos a apresentar, na sua verdadeira óptica, os problemas da família e a sua adequada solução”. “Por isso, é imperioso que também a Igreja continue a dedicar toda a atenção a estas categorias de responsáveis, encorajando e sustentando, ao mesmo tempo, aqueles católicos que se sentem chamados e que tem dotes, a um empenhamento neste setor tão delicado”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 54).
No artigo IV, a Pastoral Familiar nos Casos Difíceis, o Papa discorre: Um empenho pastoral ainda mais generoso, inteligente e prudente, na linha do exemplo do Bom Pastor, é pedido para aquelas famílias que - muitas vezes independentemente da própria vontade ou pressionadas por outras exigências de natureza diversa - se encontram em situações objetivamente difíceis. E cita os emigrantes, os itinerantes, as famílias de presidiários, os exilados e as famílias dividas, entre outros. “A este propósito é necessário voltar especialmente a atenção para algumas categorias particulares, mais necessitadas não só de assistência, mas de uma ação mais incisiva sobre a opinião pública e, sobretudo sobre as estruturas culturais, econômicas e jurídicas, a fim de se poderem eliminar ao máximo as causas profundas do seu mal-estar. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 55).
“Os matrimônios entre católicos e outros batizados, na sua fisionomia particular, apresentam numerosos elementos que convêm valorizar e desenvolver quer pelo seu valor intrínseco, quer pela ajuda que podem dar ao movimento ecumênico. Isto é verdade de um modo particular quando os dois cônjuges são fiéis aos seus deveres religiosos. O batismo comum e o dinamismo da graça fornecem aos esposos, nestes matrimônios, a base e a motivação para exprimir a sua unidade na esfera dos valores morais e espirituais”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 55-57).
“Na sua solicitude pela tutela da família em todas as suas dimensões, não somente na dimensão religiosa, o Sínodo dos Bispos não deixou de prestar atenta consideração a algumas situações irregulares, religiosa e muitas vezes também civilmente, que - nas rápidas mudanças culturais hodiernas - se vão infelizmente difundindo mesmo entre os católicos, com não pequeno dano do instituto familiar e da sociedade, de que constitui a célula fundamental”. O Papa cita ainda católicos unidos apenas pelo casamento civil, divorciados sem segunda união, os que são sem família, os que são de família natural, os que vivem de livre pato e os divorciados sem uma nova união, entre outros. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 58-59).
Quanto aos divorciados em segunda união, o papa afirma que: “A Igreja, contudo, reafirma a sua práxis, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir à comunhão eucarística os divorciados que contraíram nova união”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 59-61).
Sobre os casamentos livres, de experiência e congêneres, o Papa declara: “Cada um destes elementos põe à Igreja árduos problemas pastorais, pelas graves conseqüências quer religiosas e morais (perda do sentido religioso do matrimônio à luz da Aliança de Deus com o seu Povo; privação da graça do sacramento; escândalo grave), quer também sociais (destruição do conceito de família; enfraquecimento do sentido de fidelidade mesmo para com a sociedade; possíveis traumas psicológicos nos filhos; afirmação do egoísmo)”. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 59).

CONCLUSÃO
Os dias atuais são conturbados, o homem se encontra na berlinda em sua identidade e na sua identidade familiar perante tanta corrupção ética e moral. Porém, o homem é a meta da Igreja no caminho que esta percorre, direcionando-o ao mistério da Encarnação e da Redenção, com a única verdade que possa ser imposta em sua vida familiar ou em comunidade, a Verdade de Cristo.
“(...) a Igreja quer fazer chegar a sua voz e oferecer a sua ajuda a quem, conhecendo já o valor do matrimônio e da família, procura vivê-lo fielmente, a quem, incerto e ansioso, anda à procura da verdade e a quem está impedido de viver livremente o próprio projeto familiar. (JOÃO PAULO II, 1981, p. 1).
Portanto, ensinar a verdade sobre o matrimônio e a família segundo o desígnio de Deus é tarefa primordial da Igreja, pois agindo assim a Igreja traça o mesmo caminho traçado por Cristo, o que a fundamenta, uma vez que sua ação missionária e ministerial é a ação do próprio Deus, é a Sua Palavra e a Sua Vontade.
Por isso a Igreja chama a família para se estabelecer em seus princípios, para firmar sua identidade, pois a Igreja representa a união entre Deus e o homem, a renovação diária do Novo Pacto, no milagre de Jesus Cristo, em seu corpo e em seu sangue.
E a família cristã é a família de Cristo, e como tal deve levar seus ensinamentos, evangelizando de geração em geração, no modelo de Jesus Cristo, que de traído nunca traiu e de apartado nunca se separou, antes, fielmente abraça e divulga a sua Esposa há mais de dois mil anos.
Amar a família significa saber estimar os seus valores e possibilidades, promovendo-os sempre. Amar a família significa descobrir os perigos e os males que a ameaçam, para poder superá-los. Amar a família significa empenhar-se em criar um ambiente favorável ao seu desenvolvimento. E, por fim, forma eminente de amor à família cristã de hoje, muitas vezes tentada por incomodidades e angustiada por crescentes dificuldades, é dar-lhe novamente razões de confiança em si mesma, nas riquezas próprias que lhe advém da natureza e da graça e na missão que Deus lhe confiou. «É necessário que as famílias do nosso tempo tomem novamente altura! “É necessário que sigam a Cristo”. (JOÃO PAULO II, 1981, pp. 58-62).
O Papa João Paulo II prestou uma contribuição valorosa à família cristã, ao pensar e designar sua missão nos dias atuais como “Igreja Doméstica”..
A família cristã tem em seu núcleo Jesus Cristo, Esposo da Igreja, portanto, o sacramento do matrimônio, deve ser sempre, compreendido como uma ocorrência salvífica, pois representa o mistério da Encarnação e o mistério do Novo Pacto.
As Escrituras Sagradas relatam Jesus priorizando o ensino da verdade revelada, exemplo da qual, seus apóstolos seguiram e consolidaram pela Tradição.
Cabe á família cristã evangelizar no seio de sua própria família e no de sua comunidade.
REFERÊNCIA:





On terça-feira, agosto 13, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
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2) A educação
O direito-dever dos pais de educar
36. O dever de educar mergulha as raízes na vocação primordial dos cônjuges à participação na obra criadora de Deus: gerando no amor e por amor uma nova pessoa, que traz em si a vocação ao crescimento e ao desenvolvimento, os pais assumem por isso mesmo o dever de a ajudar eficazmente a viver uma vida plenamente humana. Como recordou o Concílio Vaticano II: «Os pais, que transmitiram a vida aos filhos, têm uma gravíssima obrigação de educar a prole e, por isso, devem ser reconhecidos como seus primeiros e principais educadores. Esta função educativa é de tanto peso que, onde não existir, dificilmente poderá ser suprida. Com efeito, é dever dos pais criar um ambiente de tal modo animado pelo amor e pela piedade para com Deus e para com os homens que favoreça a completa educação pessoal e social dos filhos. A família é, portanto, a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade»(99).
O direito-dever educativo dos pais qualifica-se como essencial, ligado como está à transmissão da vida humana; como original e primário, em relação ao dever de educar dos outros, pela unicidade da relação de amor que subsiste entre pais e filhos; como insubstituível e inalienável, e portanto, não delegável totalmente a outros ou por outros usurpável.
Para além destas características, não se pode esquecer que o elemento mais radical, que qualifica o dever de educar dos pais é o amor paterno e materno, o qual encontra na obra educativa o seu cumprimento ao tornar pleno e perfeito o serviço à vida: o amor dos pais de fonte torna-se alma e, portanto, norma, que inspira e guia toda a ação educativa concreta, enriquecendo-a com aqueles valores de docilidade, constância, bondade, serviço, desinteresse, espírito de sacrifício, que são o fruto mais precioso do amor.
Educar para os valores essenciais da vida humana
37. Embora no meio das dificuldades da obra educativa, hoje muitas vezes agravada, os pais devem, com confiança e coragem, formar os filhos para os valores essenciais da vida humana. Os filhos devem crescer numa justa liberdade diante dos bens materiais, adoptando um estilo de vida simples e austero, convencidos de que «o homem vale mais pelo que é do que pelo que tem» (100).
Numa sociedade agitada e desagregada por tensões e conflitos em razão do violento choque entre os diversos individualismos e egoísmos, os filhos devem enriquecer-se não só do sentido da verdadeira justiça que, por si só conduz ao respeito pela dignidade pessoal de cada um, mas também e, ainda mais, do sentido do verdadeiro amor, como solicitude sincera e serviço desinteressado para com os outros, em particular os mais pobres e necessitados. A família é a primeira e fundamental escola de sociabilidade: enquanto comunidade de amor, ela encontra no dom de si a lei que a guia e a faz crescer. O dom de si, que inspira o amor mútuo dos cônjuges, deve pôr-se como modelo e norma daquele que deve ser actuado nas relações entre irmãos e irmãs e entre as diversas gerações que convivem na família. E a comunhão e a participação quotidianamente vividas na casa, nos momentos de alegria e de dificuldade, representam a mais concreta e eficaz pedagogia para a inserção activa, responsável e fecunda dos filhos no mais amplo horizonte da sociedade.
A educação para o amor como dom de si constitui também a premissa indispensável para os pais chamados a oferecer aos filhos uma clara e delicada educação sexual. Diante de uma cultura que «banaliza» em grande parte a sexualidade humana, porque a interpreta e a vive de maneira limitada e empobrecida coligando-a unicamente ao corpo e ao prazer egoístico, o serviço educativo dos pais deve dirigir-se com firmeza para uma cultura sexual que seja verdadeira e plenamente pessoal. A sexualidade, de fato, é uma riqueza de toda a pessoa - corpo, sentimento e alma - e manifesta o seu significado íntimo ao levar a pessoa ao dom de si no amor.
A educação sexual, direito e dever fundamental dos pais, deve actuar-se sempre sob a sua solícita guia, quer em casa quer nos centros educativos escolhidos e controlados por eles. Neste sentido a Igreja reafirma a lei da subsidiariedade, que a escola deve observar quando coopera na educação sexual, ao imbuir-se do mesmo espírito que anima os pais.
Neste contexto é absolutamente irrenunciável a educação para a castidade como virtude que desenvolve a autêntica maturidade da pessoa e a torna capaz de respeitar e promover o «significado nupcial» do corpo. Melhor, os pais cristãos reservarão uma particular atenção e cuidado, discernindo os sinais da chamada de Deus, para a educação para a virginidade como forma suprema daquele dom de si que constitui o sentido próprio da sexualidade humana.
Pelos laços estreitos que ligam a dimensão sexual da pessoa e os seus valores éticos, o dever educativo deve conduzir os filhos a conhecer e a estimar as normas morais como necessária e preciosa garantia para um crescimento pessoal responsável na sexualidade humana.
Por isto a Igreja opõe-se firmemente a uma certa forma de informação sexual, desligada dos princípios morais, tão difundida, que não é senão uma introdução à experiência do prazer e um estímulo que leva à perda - ainda nos anos da inocência - da serenidade, abrindo as portas ao vício.
A missão educativa e o sacramento do matrimônio
38. Para os pais cristãos a missão educativa, radicada como já se disse na sua participação na obra criadora de Deus, tem uma nova e específica fonte no sacramento do matrimônio, que os consagra para a educação propriamente cristã dos filhos, isto é, que os chama a participar da mesma autoridade e do mesmo amor de Deus Pai e de Cristo Pastor, como também do amor materno da Igreja, e os enriquece de sabedoria, conselho, fortaleza e de todos os outros dons do Espírito Santo para ajudarem os filhos no seu crescimento humano e cristão.
O dever educativo recebe do sacramento do matrimônio a dignidade e a vocação de ser um verdadeiro e próprio «ministério» da Igreja ao serviço da edificação dos seus membros. Tal é a grandeza e o esplendor do ministério educativo dos pais cristãos, que Santo Tomás não hesita em compará-lo ao ministério dos sacerdotes: «Alguns propagam e conservam a vida espiritual com um ministério unicamente espiritual: é a tarefa do sacramento da ordem; outros fazem-no quanto à vida corporal e espiritual o que se realiza com o sacramento do matrimônio, que une o homem e a mulher para que tenham descendência e a eduquem para o culto de Deus»(101).

A consciência viva e atenta da missão recebida no sacramento do matrimônio ajudará os pais cristãos a dedicarem-se com grande serenidade e confiança ao serviço de educar os filhos e, ao mesmo tempo, com sentido de responsabilidade diante de Deus que os chama e os manda edificar a Igreja nos filhos. Assim a família dos baptizados, convocada qual igreja doméstica pela Palavra e pelo Sacramento, torna-se, conjuntamente, como a grande Igreja, mestra e mãe. 

10 de agosto de 2013

On sábado, agosto 10, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
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A Igreja Mestra e Mãe para os cônjuges em dificuldade
33.Também no campo da moral conjugal a Igreja é e age como Mestra e Mãe.
Como Mestra, ela não se cansa de proclamar a norma moral que deve guiar a transmissão responsável da vida. De tal norma a Igreja não é, certamente, nem a autora nem o juiz. Em obediência à verdade que é Cristo, cuja imagem se reflecte na natureza e na dignidade da pessoa humana, a Igreja interpreta a norma moral e propõe-na a todos os homens de boa vontade, sem esconder as suas exigências de radicalidade e de perfeição.
Como Mãe, a Igreja está próxima dos muitos casais que se encontram em dificuldade sobre este importante ponto da vida moral: conhece bem a sua situação, frequentemente muito árdua e às vezes verdadeiramente atormentada por dificuldades de toda a espécie, não só individuais mas também sociais; sabe que muitos cônjuges encontram dificuldades não só para a realização concreta mas também para a própria compreensão dos valores ínsitos na norma moral.
Mas é a mesma e única Igreja a ser ao mesmo tempo Mestra e Mãe. Por isso a Igreja nunca se cansa de convidar e de encorajar para que as eventuais dificuldades conjugais sejam resolvidas sem nunca falsificar e comprometer a verdade: ela está de fato convencida de que não pode existir verdadeira contradição entre a lei divina de transmitir a vida e a de favorecer o autêntico amor conjugal(91). Por isso, a pedagogia concreta da Igreja deve estar sempre ligada e nunca separada da sua doutrina. Repito, portanto, com a mesmíssima persuasão do meu Predecessor: «Não diminuir em nada a doutrina salutar de Cristo é eminente forma de caridade para com as almas»(92).
Por outro lado, a autêntica pedagogia eclesial revela o seu realismo e a sua sabedoria só desenvolvendo um empenhamento tenaz e corajoso no criar e sustentar todas aquelas condições humanas - psicológicas, morais e espirituais - que são indispensáveis para compreender e viver o valor e a norma moral.
Não há dúvida de que entre estas condições devem elencar-se a constância e a paciência, a humildade e a fortaleza de espírito, a filial confiança em Deus e na sua graça, o recurso frequente à oração e aos sacramentos da Eucaristia e da reconciliação(93). Assim fortalecidos, os cônjuges cristãos poderão manter viva a consciência do influxo singular que a graça do sacramento do matrimônio exerce sobre todas as realidades da vida conjugal, e, portanto, também sobre a sua sexualidade: o dom do Espírito, acolhido e correspondido pelos cônjuges, ajuda-os a viver a sexualidade humana segundo o plano de Deus e como sinal do amor unitivo e fecundo de Cristo pela Igreja.
Mas, entre as condições necessárias, entra também o conhecimento da corporeidade e dos ritmos de fertilidade. Em tal sentido, é preciso fazer tudo para que um igual conhecimento se torne acessível a todos os cônjuges, e, antes ainda às jovens, mediante uma informação e educação clara, oportuna e séria, feita por casais, médicos e peritos. O conhecimento deve conduzir à educação para o autocontrole: daqui a absoluta necessidade da virtude da castidade e da permanente educação para ela. Segundo a visão cristã, a castidade não significa de modo nenhum nem a recusa nem a falta de estima pela sexualidade humana: ela significa antes a energia espiritual que sabe defender o amor dos perigos do egoísmo e da agressividade e sabe voltá-lo para a sua plena realização.
Paulo VI, com profundo intuito de sabedoria e de amor, não fez outra coisa senão dar voz à experiência de tantos casais quando na sua encíclica escreveu: «O domínio do instinto, mediante a razão e a vontade livre, impõe sem dúvida uma ascese para que as manifestações afectivas da vida conjugal sejam segundo a ordem recta e particularmente para a observância da continência periódica. Mas esta disciplina própria da pureza dos esposos, muito longe de prejudicar o amor conjugal, confere-lhe pelo contrário um mais alto valor humano. Isto exige um esforço contínuo, mas graças ao seu benéfico influxo, os cônjuges desenvolvem integralmente a sua personalidade, enriquecendo-se de valores espirituais: aquela traz à vida familiar frutos de serenidade e de paz e facilita a solução de outros problemas; favorece a atenção para com o consorte, ajuda os esposos a superar o egoísmo, inimigo do amor, e aprofunda o sentido da responsabilidade deles no cumprimento dos seus deveres. Os pais adquirem então a capacidade de uma influência mais profunda e eficaz na educação dos filhos»(94).
O itinerário moral dos esposos
34.É sempre muito importante possuir uma recta concepção da ordem moral, dos seus valores e das suas normas: a importância aumenta quando se tornam mais numerosas e graves as dificuldades para as respeitar.
Exactamente porque revela e propõe o desígnio de Deus Criador, a ordem moral não pode ser algo de mortificante para o homem e de impessoal; pelo contrário, respondendo às exigências mais profundas do homem criado por Deus, põe-se ao serviço da sua plena humanidade, com o amor delicado e vinculante com o qual Deus mesmo inspira, sustenta e guia cada criatura para a felicidade.
Mas o homem, chamado a viver responsavelmente o plano sapiente e amoroso de Deus, é um ser histórico, que se constrói, dia a dia, com numerosas decisões livres: por isso ele conhece, ama e cumpre o bem moral segundo etapas de crescimento.
Também os cônjuges, no âmbito da vida moral, são chamados a um contínuo caminhar, sustentados pelo desejo sincero e operante de conhecer sempre melhor os valores que a lei divina guarda e promove, pela vontade recta e generosa de os encarnar nas suas decisões concretas. Eles, porém, não podem ver a lei só como puro ideal a conseguir no futuro, mas devem considerá-la como um mandato de Cristo de superar cuidadosamente as dificuldades. Por isso a chamada «lei da graduação» ou caminho gradual não pode identificar-se com a "graduação da lei", como se houvesse vários graus e várias formas de preceito na lei divina para homens em situações diversas. Todos os cônjuges são chamados, segundo o plano de Deus, à santidade no matrimônio e esta alta vocação realiza-se na medida em que a pessoa humana está em grau de responder ao mandato divino com espírito sereno, confiando na graça divina e na vontade própria»(95). Na mesma linha a pedagogia da Igreja compreende que os cônjuges antes de tudo reconheçam claramente a doutrina da Humanae Vitae como normativa para o exercício da sexualidade e sinceramente se empenhem em pôr as condições necessárias para a observar.
Esta pedagogia, como sublinhou o Sínodo, compreende toda a vida conjugal. Por isso a obrigação de transmitir a vida deve integrar-se na missão global da totalidade da vida cristã, a qual, sem a cruz, não pode chegar à ressurreição. Em semelhante contexto compreende-se como não se possa suprimir da vida familiar o sacrifício, mas antes se deva aceitá-lo com o coração para que o amor conjugal se aprofunde e se torne fonte de alegria íntima.
Este caminho comum exige reflexão, informação, instrução idónea dos sacerdotes, dos religiosos e dos leigos que estão empenhados na pastoral familiar: todos eles poderão ajudar os cônjuges no itinerário humano e espiritual que comporta em si a consciência do pecado, o sincero empenho de observar a lei moral, o ministério da reconciliação. Deve também ser recordado como na intimidade conjugal estão implicadas as vontades das duas pessoas, chamadas a uma harmonia de mentalidade e comportamento: isto exige não pouca paciência, simpatia e tempo. De singular importância neste campo é a unidade dos juízos morais e pastorais dos sacerdotes: tal unidade deve cuidadosamente ser procurada e assegurada, para que os fiéis não tenham que sofrer problemas de consciência(96).
O caminho dos cônjuges será portanto facilitado se, na estima da doutrina da Igreja e na confiança na graça de Cristo, ajudados e acompanhados pelos pastores e pela inteira comunidade eclesial, descobrirem e experimentarem o valor da libertação e da promoção do amor autêntico, que o Evangelho oferece e o mandamento do Senhor propõe.
Suscitar convicções e oferecer uma ajuda concreta 
35.Diante do problema de uma honesta regulação da natalidade, a comunidade eclesial, no tempo presente, deve assumir como seu dever suscitar convicções e oferecer uma ajuda concreta a quantos quiserem viver a paternidade e a maternidade de modo verdadeiramente responsável.
Neste campo, enquanto se congratula com os resultados conseguidos pelas investigações científicas de um conhecimento mais preciso dos ritmos de fertilidade feminina e estimula uma mais decisiva e ampla extensão de tais estudos, a Igreja cristã não pode não solicitar com renovado vigor a responsabilidade de quantos - médicos, peritos, conselheiros conjugais, educadores, casais - podem efectivamente ajudar os cônjuges a viver o seu amor com respeito pela estrutura e pelas finalidades do ato conjugal que o exprime. Isto quer dizer um empenho mais vasto, decisivo e sistemático, para fazer conhecer, apreciar e aplicar os métodos naturais de regulação da fertilidade(97).

Um testemunho precioso pode e deve ser dado por aqueles esposos que, mediante o comum empenho na continência periódica, chegaram a uma responsabilidade pessoal mais madura em relação ao amor e à vida. Como escrevia Paulo VI: «a esses confia o Senhor a tarefa de fazer visível aos homens a santidade e a suavidade da lei que une o amor mútuo dos esposos e a cooperação deles com o amor de Deus autor da vida humana»(98)

1 de agosto de 2013

On quinta-feira, agosto 01, 2013 by Pe. Lucione Queiroz
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Na visão integral do homem e da sua vocação
32.No contexto de uma cultura que deforma gravemente ou chega até a perder o verdadeiro significado da sexualidade humana, porque a desenraíza da sua referência essencial à pessoa, a Igreja sente como mais urgente e insubstituível a sua missão de apresentar a sexualidade como valor e tarefa de toda a pessoa criada, homem e mulher, à imagem de Deus.
Nesta perspectiva o Concílio Vaticano II afirmou claramente que «quando se trata de conciliar o amor conjugal com a transmissão responsável da vida, a moralidade do comportamento não depende apenas da sinceridade da intenção e da apreciação dos motivos; deve também determinar-se por critérios objectivos, tomados da natureza da pessoa e dos seusatos; critérios que respeitam, num contexto de autêntico amor, o sentido da mútua doação e da procriação humana. Tudo isto só é possível se se cultivar sinceramente a virtude da castidade conjugal»(86).
É exactamente partindo da «visão integral do homem e da sua vocação, não só natural e terrena, mas também sobrenatural e eterna»(87), que Paulo VI afirmou que a doutrina da Igreja «se funda na conexão inseparável, que Deus quis e que o homem não pode quebrar por sua iniciativa, entre os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e o significado procriativo»(88). E conclui reafirmando que é de excluir, como intrinsecamente desonesta, «toda a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou na sua realização, ou no desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar a procriação impossível»(89).
Quando os cônjuges, mediante o recurso à contracepção, separam estes dois significados que Deus Criador inscreveu no ser do homem e da mulher e no dinamismo da sua comunhão sexual, comportam-se como «árbitros» do plano divino e «manipulam» e aviltam a sexualidade humana, e com ela a própria pessoa e a do cônjuge, alterando desse modo o valor da doação «total». Assim, à linguagem nativa que exprime a recíproca doação total dos cônjuges, a contracepção impõe uma linguagem objectivamente contradictória, a do não doar-se ao outro: deriva daqui, não somente a recusa positiva de abertura à vida, mas também uma falsificação da verdade interior do amor conjugal, chamado a doar-se na totalidade pessoal.
Quando pelo contrário os cônjuges, mediante o recurso a períodos de infecundidade, respeitam a conexão indivisível dos significados unitivo e procriativo da sexualidade humana, comportam-se como «ministros» de plano de Deus e «usufruem» da sexualidade segundo o dinamismo originário da doação «total», se manipulações e alterações(90).
À luz da experiência mesma de tantos casais e dos dados das diversas ciências humanas, a reflexão teológica pode receber e é chamada a aprofundar a diferença antropológica e ao mesmo tempo moral, que existe entre a contracepção e o recurso aos ritmos temporais: trata-se de uma diferença bastante mais vasta e profunda de quanto habitualmente se possa pensar e que, em última análise, envolve duas concepções da pessoa e da sexualidade humana irredutíveis entre si. A escolha dos ritmos naturais, de fato, comporta a aceitação do ritmo biológico da mulher, e com isto também a aceitação do diálogo, do respeito recíproco, da responsabilidade comum, do domínio de si. Acolher, depois, o tempo e o diálogo significa reconhecer o carácter conjuntamente espiritual e corpóreo da comunhão conjugal, como também viver o amor pessoal na sua exigência de fidelidade. Neste contexto o casal faz a experiência da comunhão conjugal enriquecida daqueles valores de ternura e afectividade, que constituem o segredo profundo da sexualidade humana, mesmo na sua dimensão física. Desta maneira a sexualidade é respeitada e promovida na sua dimensão verdadeira e plenamente humana, não sendo nunca «usada» como um «objecto» que, dissolvendo a unidade pessoal da alma e do corpo, fere a própria criação de Deus na relação mais íntima entre a natureza e a pessoa.